Irene Vélez apresentou a Declaração de Belém para fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis
Texto de Isabel Alarcón. Edição de Natália Mello. Revisão Ricardo Garcia.
Em uma sala de imprensa lotada e sob os aplausos e gritos de parte dos presentes, Irene Vélez, ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, apresentou a Declaração de Belém nesta sexta-feira (21), que busca um roteiro “que nos guie, não simbolicamente, mas concretamente, para eliminar os combustíveis fósseis”. A convocação foi feita após ter sido retirado do esboço da principal decisão da COP30 a proposta de criação de um plano de transição para a eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis.
Vélez pediu aos que a apoiam nessa iniciativa que se aproximassem e a acompanhassem durante o anúncio. Ao seu lado e atrás dela estavam representantes de países como Holanda, Vanuatu, Luxemburgo, Chile, Eslovênia, Ilhas Marshall e Panamá.
“Esta COP não pode terminar sem um roteiro claro, justo e equitativo para a eliminação dos combustíveis fósseis. Não pedimos um documento vazio, ou um anúncio vazio, acreditamos que há um consenso que surge das pessoas do mundo”, disse a representante da Colômbia.
“Nós, governos, somos responsáveis pelas decisões que impactarão as gerações futuras, temos a responsabilidade moral de ecoar as demandas das pessoas por justiça climática e eliminação dos combustíveis fósseis”, acrescentou.
Primeira Conferência Internacional sobre Transição Justa
A ministra explicou que, até o momento, a declaração para a transição para longe dos combustíveis fósseis já conta com a assinatura de 24 países: Austrália, Áustria, Bélgica, Camboja, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dinamarca, Fiji, Finlândia, Irlanda, Jamaica, Quênia, Luxemburgo, Ilhas Marshall, México, Nepal, Holanda, Panamá, Espanha, Eslovênia, Vanuatu e Tuvalu. Dois deles produzem petróleo em quantidades importantes: o México e a própria Colômbia.
Em sua declaração, ela acrescentou que a declaração é baseada em evidências científicas: os combustíveis fósseis são os causadores das mudanças climáticas e, para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C, é necessário financiamento para a sua eliminação. Além disso, o governo da Colômbia, em parceria com o da Holanda, anunciou a primeira Conferência Internacional sobre Transição Justa para Longe dos Combustíveis Fósseis. Este evento será realizado em Santa Marta, na Colômbia, nos dias 28 e 29 de abril de 2026.
Será uma iniciativa paralela à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), com o objetivo de identificar caminhos legais, econômicos e sociais para a eliminação dos combustíveis fósseis. A conferência abordará temas como macroeconomia, o papel dos subsídios, os novos extrativismos, diversificação econômica e energias limpas.
“A eliminação não é necessária, mas inevitável. Agora, o mundo deve decidir como e com que rapidez”, disse Vélez. Além disso, ela reafirmou que não falharão com as comunidades.
Juan Carlos Monterrey, enviado climático do Panamá, disse que o texto proposto pela presidência da COP30 é politicamente inaceitável. “Ele falha com a Amazônia, com a ciência, com a justiça e com aqueles que estamos aqui para representar”, destacou.
Serge Wilmes, ministro do Meio Ambiente, Clima e Biodiversidade de Luxemburgo, acrescentou a necessidade de compromissos mais fortes para fechar a lacuna na redução de emissões de gases de efeito estufa necessária para a meta de 1,5ºC.
Por fim, Vélez fez um apelo para exigir que nesta COP seja obtida uma rota longe dos combustíveis fósseis. “Que a luta continue!”, concluiu.
Esta reportagem foi produzida por Amazônia Vox, por meio da Cobertura Colaborativa Socioambiental da COP 30. Leia a reportagem original em https://www.amazoniavox.com/noticias/view/545/nao_estamos_pedindo_um_documento_vazio_ou_um_anuncio_vazio_diz_ministra_da_colombia_sobre_decisao_mutirao?src=hh















