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Autor: Fred Santana

 

A CEO da COP30, Ana Toni, finalizou o primeiro dia da conferência, nesta segunda-feira, 10, com uma mensagem direta: “esta é a COP da implementação”. Ao lado da ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e do vice-secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Tomas Lamanauskas, ela destacou, em entrevista coletiva, o papel da tecnologia na aceleração de soluções concretas para a crise climática.

Segundo Ana Toni, a abertura da agenda oficial no primeiro dia foi um marco simbólico e prático para o evento. “Nas últimas quatro COPs, não conseguimos sequer abrir a agenda no primeiro dia. Hoje, isso aconteceu. Parece pequeno, mas é o início real dos trabalhos técnicos que destravam 145 tópicos de negociação”, afirmou.

A CEO explicou que o foco da presidência brasileira é “sair do discurso e mostrar resultados”. Ela destacou que o evento será marcado por anúncios voltados à implementação e aceleração de medidas em todas as áreas da ação climática – mitigação, adaptação e financiamento.

Ana Toni anunciou também que 111 países apresentaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) – um salto expressivo em relação aos 64 registrados há poucas semanas, durante reunião da ONU em Nova York. Para ela, esse avanço demonstra que “o Acordo de Paris e o multilateralismo estão vivos”.

Entre os exemplos de implementação em curso, Toni destacou o Fundo de Perdas e Danos, criado na COP28, que lançou uma chamada de US$ 250 milhões para projetos de resposta a desastres climáticos. Também foram citadas novas iniciativas envolvendo governos locais, organizações multilaterais e fundos privados voltados a soluções tecnológicas para adaptação agrícola e resiliência alimentar, incluindo um aporte de US$ 2,8 bilhões anunciado por fundações e agências internacionais.

A CEO afirmou que, para que a adaptação climática alcance escala global, tecnologia e inovação são ferramentas essenciais. “Não é possível pensar em adaptação sem tecnologia. Precisamos conectar sistemas de alerta, agricultura inteligente e serviços públicos para responder às crises com velocidade”, disse.

Entre os lançamentos do dia, Ana Toni citou o Green Digital Action Hub, com a adesão de 82 países e mais de 800 organizações, além de novas plataformas de formação profissional, inteligência climática e softwares de código aberto voltados à gestão ambiental.

A ministra Esther Dweck reforçou o caráter prático da COP30. “Esta é a COP das soluções. É hora de transformar o debate em ações escaláveis”, afirmou. Segundo ela, o Brasil está apresentando um modelo de infraestrutura pública digital (DPI) como ferramenta para respostas rápidas e inclusivas a desastres climáticos.

Dweck lembrou que o sistema de identificação digital nacional permitiu ao governo federal liberar auxílio emergencial em apenas seis dias às famílias atingidas por enchentes no sul do País. “Esse tipo de infraestrutura permite respostas financeiras rápidas e eficazes em crises climáticas, e é isso que queremos expandir globalmente”, explicou.

A ministra anunciou também que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) brasileiro está sendo transformado em uma plataforma digital aberta, considerada o maior banco de dados de florestas privadas do mundo, cobrindo 80% do território nacional. O sistema será oferecido como bem público digital, podendo ser replicado por outros países.

Entre as iniciativas internacionais lançadas em Belém, está o desafio DPI for People and Planet, criado pela presidência da COP30 em parceria com a JICA, a CoDevelop e a Digital Public Goods Alliance, com mais de 540 propostas de 70 países para uso de tecnologias digitais em transição energética, mobilidade verde, monitoramento florestal e resiliência a desastres.

O vice-secretário-geral da UIT, Tomas Lamanauskas, destacou que o setor digital é um dos eixos centrais dessa transformação, mas também enfrenta contradições. “A tecnologia é essencial para monitorar e mitigar o clima, mas também precisa ser sustentável. O setor digital responde por cerca de 4% das emissões globais e 2% do consumo de energia elétrica mundial”, lembrou.

Lamanauskas defendeu que a indústria digital reduza sua pegada de carbono e o descarte de lixo eletrônico, ao mesmo tempo em que amplie o acesso a tecnologias limpas e sistemas de alerta precoce em países em desenvolvimento.

Ao encerrar a coletiva, Ana Toni afirmou que a COP30 quer marcar o início de um novo ciclo. “Esta é a COP em que o mundo precisa provar que consegue implementar o que prometeu. A tecnologia é o elo que pode transformar compromissos em realidade”, disse.

Esta reportagem foi produzida por Revista Cenarium, por meio da Cobertura Colaborativa Socioambiental da COP 30. Leia a reportagem original em: https://revistacenarium.com.br/ceo-da-cop30-diz-que-evento-em-belem-e-de-implementacao/ .

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