Scroll Top

Católicos destacam urgência moral e espiritual da crise climática

Em ato na COP30, integrantes do Movimento Laudato Si’ se manifestaram diante da presença inédita da Igreja Católica na conferência

Karina Pinheiro · 19 de novembro de 2025

Com mensagem do Papa Leão XIV, católicos realizam ação em frente à Blue Zone da COP30 para chamar atenção 

Integrantes do Movimento Laudato Si’ realizaram um ato simbólico em frente à entrada da Blue Zone da COP30, nesta terça-feira (18), destacando o chamado ético e espiritual para a proteção do planeta. Jovens exibiram um quadro do Papa Leão XIV abençoando um bloco de gelo da Groenlândia e uma faixa com a mensagem do pontífice sobre a responsabilidade humana diante da criação.

A mobilização ocorre em meio à presença inédita da Igreja Católica na conferência, que reúne comunidades eclesiais, pastorais, presbíteros, mais de 40 bispos e 9 cardeais de cinco continentes. O gesto reforça o protagonismo crescente da Igreja nos debates climáticos e na defesa da justiça socioambiental.

Segundo o Movimento Laudato Si’, a crise climática exige não apenas respostas políticas e científicas, mas também um compromisso espiritual com a Casa Comum. A ação ecoa o apelo da encíclica Laudato Si’, que completa dez anos em 2025, e lembra que cuidar do planeta é cuidar de todas as formas de vida.

TFFF e suas barreiras 

Durante debate em um painel na última terça-feira (18) durante a COP30, Carolina Alves, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), fez um alerta contundente sobre os riscos de o recém-proposto Fundo Global de Florestas (TFFF) repetir desigualdades históricas no financiamento climático. Segundo ela, o mecanismo pode acabar classificando práticas tradicionais de agricultura indígena e extrativismo, como roças e manejo sustentável, como desmatamento, ignorando modos de vida que protegem a floresta há séculos. “Não é certo que essas práticas sejam tratadas como desmatamento”, afirmou.

Carolina destacou que o fundo também abre margem para que áreas de floresta mantidas dentro de propriedades agrícolas sejam consideradas elegíveis para pagamento, mesmo em regiões onde a expansão agropecuária é uma das principais impulsionadoras da degradação ambiental. Isso criaria, segundo ela, um paradoxo: setores responsáveis pelo avanço da fronteira agrícola poderiam ser recompensados desde que mantenham apenas um hectare de floresta. “O TFFF, assim como o mercado de carbono, pode permitir a manutenção de atividades prejudiciais ao meio ambiente”, disse. A situação se agrava em contextos políticos mais alinhados ao agronegócio, já que os planos anuais de alocação dos recursos podem ser revisados a cada governo, aumentando o risco de direcionamento dos pagamentos para grandes produtores.

Embora o mecanismo preveja a destinação mínima de 20% dos recursos para povos indígenas e comunidades tradicionais, Carolina frisou que isso não garante proteção real. Em vários países participantes do fundo, esses grupos são perseguidos e enfrentam ameaças como invasões, violência e expulsões. Além disso, os critérios de acesso ao financiamento continuam distantes da forma como esses povos se organizam, criando barreiras burocráticas e inviabilizando o recebimento direto dos recursos. “Estamos vendo um financiamento climático que passa longe da justiça climática”, concluiu. Para o Inesc, a luta na COP30 é por um financiamento público, justo e acessível que reconheça e fortaleça aqueles que, historicamente, preservam as florestas.

Esta reportagem foi produzida por ((oeco)), por meio da Cobertura Colaborativa Socioambiental da COP 30. Leia a reportagem original em https://oeco.org.br/noticias/curtinhas-da-cop-catolicos-destacam-urgencia-moral-e-espiritual-da-crise-climatica/ 

Posts relacionados

Privacy Preferences
When you visit our website, it may store information through your browser from specific services, usually in form of cookies. Here you can change your privacy preferences. Please note that blocking some types of cookies may impact your experience on our website and the services we offer.