Iniciativa internacional busca transformar princípios sustentáveis em ações concretas até 2028. Diretora da Conexsus, Fabiola Zerbini, destaca papel de comunidades tradicionais na construção de uma economia verde e inclusiva
O Brasil lança hoje, durante a COP30, o Plano Nacional de Bioeconomia e o Bioeconomy Challenge, uma plataforma internacional criada para transformar os princípios da bioeconomia em ações concretas e mensuráveis até 2028. O anúncio acontece em um momento histórico para a agenda climática global: pela primeira vez, a bioeconomia é reconhecida oficialmente dentro do processo da ONU como estratégia central de ação climática, sob a Meta 29 – Bioeconomia e Biotecnologia da Conferência do Clima de Belém.
Coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a iniciativa é resultado de uma parceria entre o governo brasileiro, organismos multilaterais e a sociedade civil. O objetivo é estimular investimentos sustentáveis baseados na natureza, alinhando métricas, mecanismos financeiros e
desenvolvimento de mercado.
A proposta prevê o redirecionamento de recursos públicos e privados — atualmente estimados em US$ 7 trilhões anuais aplicados em atividades que causam perda da natureza — para cadeias produtivas capazes de restaurar ecossistemas e fortalecer comunidades locais.
“A bioeconomia precisa nascer dos territórios” Durante o evento, a diretora executiva da Conexsus, Fabiola Zerbini, defendeu que a bioeconomia só será transformadora se colocar os povos e comunidades tradicionais no centro das decisões.
“Mais de 30 milhões de pessoas — em sua maioria indígenas e comunidades tradicionais — enfrentam a crise climática diretamente em seus territórios, de forma como nós, nas cidades, não enfrentamos. Se a solução não vier desses povos e desse novo modelo de uso da terra e de economia, ela simplesmente não vai acontecer”, afirmou. Zerbini destacou ainda que o fortalecimento dos negócios comunitários depende
de crédito acessível, capacitação e integração com o mercado. “O mercado é o fiador do crédito. A assessoria comercial é a garantia de que o produtor vai usar o crédito para se empoderar, e não para se endividar. Tudo precisa caminhar junto para que a transformação seja real”, explicou. Protagonismo da Pan-Amazônia Para a diretora da Conexsus, o momento representa uma virada de chave para a
Pan-Amazônia, região que concentra grande parte dos negócios sociobioeconômicos do país.
“Mapeamos mais de 700 negócios comunitários com potencial para gerar renda, conservar florestas e fortalecer cadeias sustentáveis. Com crédito customizado e apoio técnico, podem fazer muito mais”, disse.
Zerbini também defendeu que a bioeconomia deve ser tratada como tema central da agenda climática e econômica, e não como um assunto periférico. “Estamos muito próximos de uma mudança de realidade na região. O desafio agora é transformar esse potencial em desenvolvimento inclusivo e duradouro.”
O desafio até 2028 Até 2028, o Bioeconomy Challenge deve criar mecanismos financeiros inovadores, métricas compartilhadas e ferramentas de governança para integrar a natureza às estratégias econômicas dos países.
A plataforma reúne instituições como a FAO, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a UNCTAD, o World Resources Institute (WRI) e a NatureFinance, que coordenará a secretaria executiva da iniciativa.
O projeto reforça o papel do Brasil como líder global na agenda climática e da bioeconomia, conectando o conhecimento tradicional à ciência e à inovação em busca de uma economia regenerativa.
Sobre a Conexsus
O Instituto Conexões Sustentáveis – Conexsus atua na promoção da conexão dos negócios comunitários com os mercados, sejam locais, regionais, nacionais ou internacionais, disponibilizando acesso a investimentos financeiros customizados para apoiar a estruturação dos arranjos comerciais e viabilizar as operações.





